Nos últimos anos, a proliferação de anúncios falsos utilizando deepfakes — vídeos e áudios manipulados por inteligência artificial — tem se tornado uma ameaça crescente nas redes sociais. Esses conteúdos enganosos frequentemente apresentam figuras públicas, como jornalistas, políticos e celebridades, promovendo produtos ou serviços fraudulentos. Apesar dos esforços das plataformas para intensificar a verificação de conteúdo, esses anúncios continuam a aparecer nos feeds dos usuários, representando riscos significativos à segurança digital e à confiança pública.

Contextualização: a ascensão dos deepfakes em anúncios fraudulentos

O Brasil desponta como um dos principais alvos globais de golpes envolvendo deepfakes. Segundo um relatório da Sensity, o país registra um número alarmante de fraudes desse tipo circulando em redes sociais e plataformas de anúncios. Esses golpes abrangem diversos setores, incluindo investimentos, varejo, saúde e até programas de subsídios públicos. A facilidade de acesso a ferramentas de inteligência artificial permite que golpistas sem experiência técnica criem conteúdos altamente convincentes, enganando até mesmo usuários atentos.

Casos recentes de anúncios falsos com deepfakes

Diversos casos recentes ilustram a gravidade do problema:

  • Falsa Indenização do WhatsApp: Anúncios no Facebook promoveram uma suposta indenização de R$30 mil devido a um vazamento de mensagens do WhatsApp. Os vídeos utilizavam trechos manipulados do programa “Encontro”, com áudio adulterado por inteligência artificial, para dar credibilidade à fraude.
  • Promoção Falsa com Galvão Bueno: Anúncios fraudulentos usaram um áudio gerado por IA imitando a voz do narrador Galvão Bueno para divulgar uma promoção inexistente de capacetes de Ayrton Senna, atribuída falsamente ao Guaraná Antarctica e ao Instituto Ayrton Senna.
  • Golpe do Dinheiro Esquecido: Vídeos manipulados por IA de figuras políticas como Jair Bolsonaro, Fernando Haddad e Nikolas Ferreira foram utilizados para promover links fraudulentos que prometiam o resgate de valores esquecidos em contas bancárias.

Golpistas utilizaram voz de Galvão Bueno para divulgar falsa promoção de capacetes de Ayrton Senna.

Ferramentas utilizadas por golpistas

Os golpistas empregam uma variedade de ferramentas de inteligência artificial para criar deepfakes:

  • Sincronização Labial (Lip Sync): Permite que os movimentos labiais de uma pessoa sejam manipulados para coincidir com um áudio falso.
  • Clonagem de Voz: Reproduz a voz de indivíduos com alta fidelidade, a partir de amostras de áudio disponíveis publicamente.
  • Reencenação Facial: Altera expressões faciais em vídeos para transmitir emoções ou falas específicas.

Essas tecnologias estão cada vez mais acessíveis, permitindo que até mesmo indivíduos sem habilidades técnicas avançadas criem conteúdos falsos convincentes.

Perigos de acreditar em conteúdos falsos

Acreditar em deepfakes pode ter consequências graves:

  • Perda Financeira: Usuários podem ser induzidos a realizar pagamentos ou fornecer dados bancários em sites fraudulentos.
  • Roubo de Identidade: Informações pessoais coletadas podem ser utilizadas para criar novos golpes ou acessar contas privadas.
  • Danos à Reputação: Figuras públicas podem ter suas imagens associadas a produtos ou mensagens que nunca endossaram, afetando sua credibilidade.
  • Desinformação: A propagação de conteúdos falsos pode influenciar opiniões públicas e decisões importantes, como votos em eleições.

Dicas para se proteger de anúncios falsos com deepfakes

  1. Verifique a Fonte: Desconfie de conteúdos que não provêm de canais oficiais ou verificados.
  2. Analise Detalhes Visuais e Auditivos: Preste atenção a inconsistências na imagem, como iluminação estranha, movimentos faciais não naturais ou sincronia labial inadequada.
  3. Utilize Ferramentas de Verificação: Plataformas como o TrueMedia.org podem ajudar a identificar conteúdos manipulados por IA. Veja mais ferramentas em IJNET.
  4. Mantenha suas Redes Sociais Privadas: Limite o acesso a fotos e vídeos pessoais, reduzindo a chance de serem usados em deepfakes.
  5. Estabeleça Palavras-Chave com Familiares e Amigos: Em casos de mensagens suspeitas, uma palavra-chave previamente combinada pode ajudar a verificar a autenticidade do contato.
  6. Denuncie, Denuncie, Denuncie! Denuncie Conteúdos Suspeitos: Utilize as ferramentas das plataformas para reportar anúncios ou postagens fraudulentas.

Denunciando anúncios falsos no Facebook ou Instagram

Para denunciar anúncios falsos no Facebook ou Instagram, você pode clicar/tocar nos três pontinhos (opções) ao lado do anúncio e selecionar “Denunciar anúncio”. Em seguida, siga as instruções na tela para indicar o motivo da denúncia, que pode incluir “Enganoso”, “Golpe” ou outras opções relevantes

Denunciando anúncios falsos do Google

Para denunciar um anúncio falso no Google, você pode seguir estes passos: Primeiro, identifique o anúncio e veja se há uma opção para “Mais” ou “Informações”. Se sim, clique e selecione “Denunciar anúncio”. Preencha o formulário de denúncia com detalhes sobre o problema e envie. Se precisar de ajuda, o Google oferece suporte no seu Centro de Ajuda, que pode ser acessado através da página de Ajuda do Google Ads. 

Conclusão

A disseminação de deepfakes em anúncios fraudulentos representa um desafio significativo na era digital. A conscientização e a adoção de práticas seguras são essenciais para proteger-se contra essas ameaças. Ao manter-se informado e vigilante, é possível reduzir os riscos e contribuir para um ambiente online mais seguro.